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biodiversidade

Introdução – Relevância do projeto

 

O concelho do Bombarral é limitado a norte pelo município de Óbidos, a nordeste pelas Caldas da Rainha, a sueste pelo Cadaval e a sudoeste pela Lourinhã (Figura 1), que sendo concelhos historicamente relevantes, acabam por abafar a potencial relevância deste concelho.

Com uma área de aproximadamente 91.7km2, o Bombarral é um concelho marcadamente agrícola e rural. As suas terras férteis propiciam o desenvolvimento de uma agricultura intensiva, e em conjunto com as características microclimáticas aprimora a produção de pêra rocha e vinho. Pela qualidade das suas terras, e avanço tecnológico e químico de otimização das culturas, o património natural do Bombarral tem vindo a ser substituído e humanizado. Como manchas mais conhecidas de habitat natural possui a conhecida Mata Municipal, a Mata da Quinta da Granja (Vilaça 2006) e uma pequena mancha na Quinta dos Loridos (Buddha Eden – Jardim da Paz). Esparsamente podem ser encontrados exemplares isolados de sobreiros e/ou carvalhos (Vilaça 2006), bem como pequenas manchas de vegetação natural muitas vezes em zonas limítrofes de parcelas ou infraestruturas humanas (rodovias por exemplo).

Neste contexto, urge fazer-se um levantamento do património natural, e proceder á sua valoração enquanto bem de lazer e nicho de biodiversidade.

Biodiversidade e Património Natural

Mapa ilustrativo da divisão em freguesias do concelho do Bombarral anterior a 2013, após o qual as freguesias do Bombarral e Vale Covo passaram a constituir uma só freguesia (União de Freguesias do Bombarral e Vale Covo) (Fonte: http://perolasdooeste2.blogspot.pt/)

Bombarral: caracterização paisagística

O concelho do Bombarral é composto por 4 freguesias: Freguesia do Bombarral e Vale Covo, Freguesia do Pó, Freguesia da Roliça e Freguesia do Carvalhal.

 

Freguesia do Bombarral e Vale Covo

Figura 2 – Fotografia de satélite que compreende na totalidade a União de freguesias (1:670).

Com uma área total de 29.6km2, é a principal freguesia do concelho, e onde se sediam os serviços municipais (Figura 2).

A freguesia compreende as seguintes terras: Bombarral, Cintrão, Quinta da Granja, Quinta do Sanguinhal, Casalinho, Casai do Camarão, Vale Covo, Gamelas, Casal do Urmal, Casal das Pêgas, Casal da Cotovia, Casal de Oliveirinha, Casal da Salgueirinha, Casal da Lagoa e Vale Pato. Com uma paisagem completamente agrícola e com floresta de eucalipto (Eucalyptus sp.) possui uma mancha de especial interesse: a Mata Municipal.

A Mata Municipal está confinada dentro de muros num espaço de 4 hectares no centro da vila do Bombarral. Historicamente terá sido muito maior (consultar Vilaça 2006), contudo este reduto, em termos de vegetação compreende 85 taxa distribuídos por 41 famílias botânicas de acordo com um estudo efetuado entre 2003 e 2004 descrito por Vilaça (2006). De especial relevo para a fauna destacam-se aderno (Phillyrea latifolia), o medronheiro (Arbutus unedo), o sobreiro (Quercus suber), o carrasco (Quercus coccifera), o aderno bastardo (Rhamnus alaternus), a aroeira (Pistacia lentiscus) e o folhado (Viburnum tinus) (Vilaça 2006). Estas garantem abrigo e alimento para as aves que se alimentam quer de bagas quer de insetos, que por sua vez encontram o seu biótopo nestas espécies arbóreas.

O levantamento faunístico efetuado até à data, dentro do projeto CEI proposto debruçou-se apenas sobre avifauna, contudo outros grupos serão abordados: mariposas (com levantamento inicial efetuado em Junho do presente ano), mamíferos, herpetofauna e continuação de avifauna. Até à data foram detetadas as seguintes espécies:

- Verdilhão (Chloris chloris)

- Pardal-doméstico (Passer domesticus)

- Carriça (Troglodytes troglodytes)

- Chapim azul (Cyanistes caeruleus)

- Chapim real (Parus major)

- Trepadeira (Certhia brachydactyla)

- Melro (Turdus merula)

- Noitibó-europeu (Caprimulgus europaeus)

- Rola turca (Streptopelia decaoto)

- Gaio (Coracias garrulus)

- Toutinegra de barrete (Sylvia atricapilla)

- Pisco de peito-ruivo (Erithacus rubecula)

- Rabirruivo (Phoenicurus ochruros)

Durante a época estival, e especialmente por se tratar do período pós-nupcial as espécies são mais inconspícuas. Durante a época de migração que se estende desde Agosto até meados de Outubro, importa que as monitorizações sejam efetuadas semanalmente.

Adicionalmente existe uma mancha adjacente à linha do Oeste na zona do Casalinho que apresenta vegetação caracteristicamente mediterrânica. Esta encontra-se fragmentada e isolada devido às profundas modificações antropogénicas à zona envolvente, contudo poderá constituir um reduto para espécies de avifauna que dependam desta para abrigo, mas que com maior mobilidade se podem ir alimentar a zonas mais distantes.

Chapim azul

Freguesia do Carvalhal

Com uma área total de 32.4km2, o Carvalhal é a maior freguesia do concelho (Figura 3) do Bombarral. É também o que possui maior número de manchas de vegetação natural, apesar de pequenas.

Na freguesia do Carvalhal existem duas importantes manchas ainda naturais: uma na Quinta dos Loridos, e outra no próprio Carvalhal adjacente a uma pequena ribeira onde ainda sobrevivem resquícios de galeria ripícola.

Marginalmente, existem ainda 4 manchas com alguma relevância, em: A dos Ruivos, Salgueiro, Casais dos Crutos e Casais do Avenal.

Até à data, estas áreas foram apenas prospetadas no sentido de desenvolver um pequeno percurso, ou serem apenas referenciadas como locais de interesse a incluir em outro tipo de roteiros.

Freguesia da Roliça

Com uma área total de 22.6km2 (Figura 4), a Roliça é historicamente conhecida por ter sido o palco da batalha entre as tropas francesas e as forças anglo-lusas no decurso da 3ª Invasão Napoleónica, a 17 de agosto de 1808 (www.cm-bombarral.pt).

É uma freguesia maioritariamente agrícola, que possui 2 locais com património natural de especial interesse: o Vale do Roto e a Serra da Columbeira. Apesar do Vale do Roto estender-se até ao concelho da Lourinhã, especificamente até às Cesaredas, dadas as suas encostas íngremes é um local pouco propício ao desenvolvimento agrícola. Embora a vegetação se encontre “poluída” por espécies introduzidas, possui uma pequena galeria ripícola que acompanha um dos afluentes do Rio Real. É também no troço ainda pertencente ao concelho que se pode visitar a Gruta Nova da Columbeira, a qual a priori apresenta condições para albergar uma pequena colónia de morcegos. Contudo os trabalhos de prospecção para auferir a qualidade específica da gruta estão ainda em decurso.

Figura 3 – Fotografia de satélite que compreende a principal parte da freguesia. A linha branca a tracejado define o final do distrito e concelho (1:670).

Figura 4 – Fotografia de satélite que compreende a totalidade da freguesia. A linha branca a tracejado define o final do distrito e concelho (1:670).

Freguesia do Pó

É a mais pequena freguesia do concelho com apenas 6,8km2  (Figura 5).

A maior parte da sua área situa-se numa várzea, mas abrange também um pequena parte da Serra da Columbeira. Apesar da maior parte desta serra pertencer ao concelho da Lourinhã. Dado o seu declive, e caracter acidentado da paisagem, é um local pouco propício para a agricultura apesar de conter manchas de produção de eucalipto, e recentemente de hortícolas e bacelo - “pés-mãe”. Estes últimos foram plantados já no período do presente CEI, e contemplaram a remoção de vegetação mediterrânica natural, numa das poucas manchas ainda naturais da freguesia. Contém poucas manchas de vegetação mediterrânica bem preservadas, sendo que a maior parte encontra-se já no concelho da Lourinhã. Nesta freguesia passa um curso de água com regime temporário que atravessa a freguesia e desagua no Rio Real. 

Figura 5 – Fotografia de satélite que compreende a maior parte da freguesia. A linha branca a tracejado define o final do distrito e concelho (1:1330).

 

A galeria ripícola é vestigial e encontra-se modificada.

Nesta serra ocorre uma espécie de avifauna com especial interesse: o bufo-real (Bubo bubo) com protecção legal contemplada na Directiva Aves, Convenção de Berna e CITES.

Nesta serra têm sido efectuadas prospecções regulares, sob a forma de transectos, em que é registada a avifauna, e alguma da flora local. Por questões técnicas relacionadas com a fonte de alimentação para a armadilha de mariposas, ainda não foi possível efectuar nenhum levantamento específico das espécies deste grupo.

 

Vilaça, E., 2006. A Mata Municipal do Bombarral como património histórico e natural. Actas do 3º Seminário do Património da Região Oeste, pp. 159-165. Câmara Municipal do Cadaval / Assoc. do Património Histórico. Cadaval.

 

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